O que é obesidade?

Atualmente, a obesidade é definida como uma doença endocrinometabólica (ou seja, que depende de fatores internos do organismo) de causas variadas, tanto genéticas quanto ambientais, caracterizada pelo excesso de gordura no corpo, resultando em aumento de peso e em distúrbios na homeostasia (equilíbrio) das funções do organismo, como circulação sanguínea e controle da glicemia (“açúcar no sangue”).

O controle do peso corporal está relacionado, principalmente, à relação entre ingestão de calorias e o gasto calórico. Um indivíduo obeso geralmente consome mais calorias ao longo do dia do que gasta, o que já nos leva a concluir duas formas de prevenção e tratamento da obesidade: controle de alimentação (ou seja, da ingestão calórica) e realização de atividades físicas (ou seja, aumento do gasto calórico)

Uma pessoa obesa tem riscos associados à saúde?

A resposta mais simples para esta pergunta é “sim” – diversos estudos, realizados no mundo inteiro, já comprovaram os diversos prejuízos à saúde relacionados à obesidade. Mas, então, quais são esses prejuízos?

Como já mencionado anteriormente, o excesso de gordura corporal provoca uma série de alterações no controle do equilíbrio interno do organismo, o qual é forçado a se adaptar a este desequilíbrio. Entre as consequências destas alterações estão a hipertensão arterial, o diabetes tipo 2 (ou seja, o diabetes que, geralmente, inicia na idade adulta devido ao aumento da resistência do organismo à insulina, o hormônio responsável pelo controle da glicose no sangue), doenças respiratórias, formação de cálculos biliares devido ao acúmulo de colesterol, doenças articulares e de coluna e, também, as dislipidemias (ou seja, o desequilíbrio das moléculas de gordura, como colesterol e triglicerídeos, no sangue), que estão intimamente relacionadas a doenças arteriais e, consequentemente, a doenças cardíacas.

Como diagnosticar a obesidade?

É possivel diagnosticar e classificar o grau de obesidade através do IMC (Índice de Massa Corpórea), circunferência abdominal e medida do percentual de gordura corpórea.

O valor do IMC é determinado através da seguinte relação: divide-se o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) elevada ao quadrado.

Exemplo: uma pessoa com o peso atual de 85Kg e altura de 1,65mt, apresenta um IMC de 31,25Kg/m₂, ou seja 85 dividido por 2,72.

Quando o IMC ultrapassa 25, diz-se que a pessoa está acima do peso ideal, se o IMC supera os 30, a pessoa é considerada com obesidade grau I, como no exemplo acima. Veja na tabela abaixo, os outros graus de obesidade determinados através do IMC.

Como tratar a obesidade?

Não existe receita milagrosa – o tratamento ideal da obesidade deve envolver o esforço conjunto de uma equipe multiprofissional (composta por médicos, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas) e do próprio indivíduo e de seus familiares.

O tratamento deve ser adaptado ao grau de obesidade do indivíduo e às comorbidades que ele possui (ou seja, outras doenças relacionadas à obesidade, como diabetes e doenças cardíacas) e, na maior parte das vezes, deve ser composto de dois componentes principais: dieta personalizada e atividade física controlada.

Porém, em alguns casos específicos, por diversos motivos (entre eles a presença de síndrome metabólica avançada), pode ser necessária a utilização de outros métodos, como tratamentos endoscópicos e cirúrgicos, que visam à alterações físicas (como redução do tamanho do estômago) e metabólicas (redução da liberação de hormônios associados ao ganho de peso).

Entre as alternativas cirúrgicas, encontra-se a cirurgia bariátrica, hoje bastante segura e pouco invasiva, que é realizada em indivíduos selecionados.

Em se tratando das alternativas endoscópicas (ou seja, procedimentos realizados através de aparelhos que permitem a visualização do interior do trato gastrointestinal e que não são tão invasivos quanto as cirurgias), uma delas é a colocação de balões intragástricos preenchidos por líquidos ou ar, cuja finalidade é ocupar temporariamente um espaço no estômago, aumentando a sensação de saciedade e, desta forma, facilitando a realização de tratamentos dietéticos.

Recentemente introduzida no Brasil, outra alternativa viável é a cirurgia bariátrica endoscópica, que traz a eficácia das cirurgias bariátricas e a segurança dos procedimentos endoscópicos.

O que é uma dieta hipocalórica? Para que serve?

A dieta de baixas calorias, ou hipocalórica, é uma dieta que visa ao controle da ingesta de alimentos e à redução da utilização de alimentos muito calóricos (como doces, frituras e refrigerantes) na alimentação. Sua função é, além de reduzir o peso corporal até que se atinja uma faixa considerada mais segura, tornar a alimentação o mais saudável possível, reduzindo não somente a obesidade, mas também o risco de outras doenças associadas à alimentação.

Como deve ser a orientação nutricional para uma pessoa obesa?

• Primeiro: A orientação nutricional deve ser realizada por um profissional especializado e capacitado, preferencialmente um nutricionista ou um médico especializado nesta área;
• Segundo: A dieta deve ser personalizada, de modo a abranger todas as necessidades e dificuldades do indivíduo, de acordo com seu peso, sua idade, suas comorbidades e suas atividades físicas e diárias. É importante lembrar que nem toda dieta que funciona bem para uma pessoa vai funcionar para as outras – cada organismo é único e responde de formas diferentes a um mesmo estímulo;
• Terceiro: O acompanhamento nutricional deve ser frequente e a dieta deve ser revisada conforme necessário;
• Quarto: É importante reforçar que uma alimentação equilibrada e saudável não significa, necessariamente, a redução drástica da ingestão de alimentos. Dietas de muito baixas calorias (800kcal/dia ou menos) são reservadas para indivíduos com obesidade grau II e III (vide tabela acima) associada a outras comorbidades. Em geral, são feitas dietas de baixas calorias (entre 1000 e 1200kcal/dia), sempre adaptadas para as necessidades do indivíduo. Mais uma vez, destaca-se que não existe fórmula mágica para o tratamento nutricional.

O que é uma alimentação equilibrada?

Uma alimentação equilibrada é aquela que atende a todas as demandas nutricionais de um indivíduo, não somente em termos calóricos, mas também em termos de vitaminas, lipídeos, proteínas, carboidratos e outros micronutriente, como ferro e potássio.

Ainda assim, há algumas “regras “básicas que, na maior parte das vezes, podem ser aplicadas para qualquer indivíduo e contribuem para uma dieta mais saudável. Segue, abaixo, uma tabela contendo algumas dicas de escolha de alimentos mais saudáveis.

Opinião sobre dietas “milagrosas para emagrecimento”

Cada vez mais, surgem na mídia receitas e dicas de dietas chamadas de “milagrosas”, que prometem emagrecimento rápido e fácil, além de contribuírem para uma alimentação saudável. Aqui, mais uma vez, cabe relembrar um dos pontos principais de uma dieta equilibrada: ela não é somente a ingestão de baixas quantidades de calorias ou apenas de um tipo de nutriente, como proteínas, mas sim a ingestão de alimentos que consigam atender a todas as demandas do metabolismo de um indivíduo de modo que este consiga manter seu funcionamento adequado. Sendo assim, embora, talvez, algumas destas dietas possam contribuir para o emagrecimento, a maior parte delas não atende a todas as necessidades nutricionais do ser humano e podem trazer prejuízos importantíssimos para o organismo. A dica é: sempre antes de aderir a uma destas dietas, consulte um profissional especializado (ou, de preferência, mais de um).

Ingestão de fibras e tratamento nutricional da obesidade

Atualmente, sabe-se que as fibras alimentares em quantidades adequadas, através de diversos mecanismos, trazem um benefício importante para o metabolismo energético do organismo, contribuindo para a redução do peso corporal.

1. As fibras apresentam elevada capacidade de retenção de água e um baixo valor energético, contribuindo para a sensação de saciedade e a redução da densidade calórica da alimentação;
2. Alimentos ricos em fibras exigem maior mastigação para serem triturados, o que aumenta o estímulo para secreção de saliva, que contém enzimas importantes para a digestão de alimentos, e para a secreção de suco gástrico, favorecendo ainda mais a saciedade;
3. As fibras provocam a redução da velocidade do esvaziamento gástrico, reduzindo a fome e prolongando a saciedade;
4. Fibras contribuem para a redução da absorção de ácidos graxos (que formam colesterol e triglicerídeos) e de sais biliares no intestino delgado.

7 dicas de ouro para tratar e prevenir a obesidade